Adoração Reformada
João 4:21-24
Muitos crentes e igrejas, em
todo mundo, estão redescobrindo a verdade a respeito da adoração reformada.
Isso é uma providência maravilhosa da parte de Deus, mas na maioria das vezes
essa verdade reformada se limita apenas à doutrina da salvação. Em outras
palavras a reforma estancou no ponto referente às doutrinas da graça e não foi
além, não progrediu para outras áreas, como por exemplo, a vida cristã e o
culto cristão. Isto na verdade não é uma reforma plena porque a reforma
verdadeira e plena atinge todas as áreas da plenitude e da vida dos cristãos e
da Igreja. Quero falar sobre o tópico da necessidade de se trazer reforma para
toda a área que diz respeito à adoração. Gostaria de tratar de três áreas deste
tema. Na primeira gostaria de tratar da história da reforma da adoração. Em
segundo lugar, do regulamento da adoração bíblica, e em terceiro lugar tratar
das razões para termos uma adoração bíblica.
I) A Reforma da Adoração
Bíblica
Quando os reformadores
redescobriram o evangelho bíblico, eles também perceberam a necessidade da
redescoberta da adoração bíblica. Quando perceberam a salvação em termos de
glorificar a Deus, nos termos da centralidade de Deus, então perceberam que a
adoração resultante disso também deve ser uma adoração centrada em Deus e que
glorifique a Deus. Eles viam tantas coisas e acréscimos humanos colocados na
adoração a Deus como os altares, vestimentas, velas, outros sacramentos,
incensos, etc. e para retornar a uma adoração centrada em Deus eles tinham de
jogar fora todos aqueles acréscimos humanos. Martinho Lutero iniciou este
processo. Zuínglio, Martin Bucer e Calvino continuaram depois dele. Cada um
deles ia jogando fora mais e mais aquilo que pertencia à imaginação humana e
trazendo mais e mais aquilo que era centrado em Deus. Eles entenderam que nesta
área da adoração, a melhor forma de se centralizar em Deus era se centrando na
Palavra. Quando eles jogaram fora tudo que era feito pelo homem, isso deixou um
vácuo a ser preenchido. Dentro deste vácuo eles tinham de colocar a adoração
centrada na Palavra de Deus.
Vamos inicialmente focalizar
esta área dos cânticos de louvor. A Reforma passou por dois estágios na reforma
dos cânticos na Igreja. Em primeiro lugar, Lutero foi o pai do cântico
congregacional. Ele viu que por mais de mil anos na Igreja os cânticos estavam
nas mãos dos corais, dos monges e das freiras e não nas mãos do povo de Deus.
Uma das primeiras coisas que Martinho Lutero fez em 1524 foi introduzir na
Igreja o uso do hinário. Lutero deu de volta ao povo de Deus o cântico
congregacional. Eles não precisavam mais vir ao culto vendo-o apenas como uma
forma de performance, mas eles vinham para participar. A segunda etapa foi com
Calvino. Lutero restaurou o louvor congregacional, mas Calvino restaurou a
cântico bíblico. Calvino via que na igreja primitiva, início do Novo
Testamento, a igreja cantava os salmos. Ele percebeu que o coração não apenas
deve ser guiado pela Bíblia, mas que a adoração deve ser repleta de Bíblia e
que o cântico na adoração bíblica não precisa apenas ser guiado pelos
princípios bíblicos, mas deveria ser cheio de conteúdo bíblico. Então, Calvino
reintroduziu o saltério na igreja de Cristo. Para Calvino a adoração a Deus
deveria ser o encontro com a Palavra, a leitura da Palavra, a pregação da Palavra,
o cântico da Palavra. Tudo tinha de ser centralizado na Palavra de Deus. Esta é
uma breve história da reforma do culto bíblico.
II) A Regulamentação da
Adoração Bíblica
Todo cristão tem alguma
regulamentação acerca da adoração. Todo crente coloca uma “linha” (limite) em
algum lugar no culto. De um lado da linha há uma adoração aceitável e do outro
lado da linha uma que é inaceitável. Todos nós estamos de acordo que existem
algumas coisas que são boas para o culto e outras que não devem existir no culto.
A única questão é: Como e onde vamos colocar esta “linha” demarcatória? Qual a
regra que vamos seguir para saber qual é o aceitável e o inaceitável? Deixe-me
dar algumas regras que são usadas em nossos dias. Todos nós temos alguma destas
regras.
a) O Passado. “Sempre
foi assim!”. E se foi suficiente para as pessoas do passado, será bom para nós
também hoje. Nossos pais adoraram assim então nós adoraremos assim. Dessa forma
o passado é a regra para o presente.
b) A Preferência. É a regra do que eu gosto, do que eu quero e do que eu acho agradável. Eu gosto assim; eu me sinto bem com isso; isso está de acordo com minha personalidade. É a minha preferência.
c) Pragmatismo. Funciona, atrai pessoas e é popular? Então, vamos fazer assim! Não fazer de outra forma porque isso não seria popular e não atrairia as pessoas. Assim, nossa regra é o pragmatismo: o que funciona.
b) A Preferência. É a regra do que eu gosto, do que eu quero e do que eu acho agradável. Eu gosto assim; eu me sinto bem com isso; isso está de acordo com minha personalidade. É a minha preferência.
c) Pragmatismo. Funciona, atrai pessoas e é popular? Então, vamos fazer assim! Não fazer de outra forma porque isso não seria popular e não atrairia as pessoas. Assim, nossa regra é o pragmatismo: o que funciona.
d) Proibição. Tudo é
permitido desde que não seja explicitamente proibido na Palavra de Deus. Esse
foi o princípio que Lutero usou. Ele basicamente disse: Se a Bíblia não proíbe
as velas, então podemos usá-las e assim por diante. Então, se não houver uma
clara proibição, podemos fazer. A Bíblia não proíbe em nenhum lugar a
dramatização no culto, então pode-se usar o drama, o teatro e assim por diante.
Eu diria que estas são as
quatro regras mais usadas hoje pelas pessoas para saber o que devem fazer no
culto. Mas a pergunta a ser feita é: isso é Bíblico? A resposta é: Não! Então,
qual é a regra bíblica? É a regra usada por Calvino que a descobriu na Palavra
de Deus: Somente aquilo que é ordenado na Bíblia deve ser permitido no culto a
Deus. Verdadeira adoração é adoração ordenada nas Escrituras conforme a vontade
de Deus. Se não for ordenado, não é autorizado. A Bíblia ordena dramatização,
teatro, no culto? Não. A Bíblia ordena o uso de velas? Não. A Bíblia ordena o
uso de vestimentas clericais? Não. Então, temos aqui a regra mais radical de
todas. É o Princípio Regulador. Mas, de certa forma nós podemos dizer que todas
aquelas regras são “princípios reguladores”. Todas elas regras regulam o culto.
Então, todos nós temos algum tipo de princípio regulador. Então a pergunta é:
Será que este nosso princípio regulador é o Princípio Regulador da Bíblia? O
Princípio Regulador bíblico, como podemos demonstrar, é a prescrição. Somente
aquilo que foi ordenado é permitido. Quando estamos considerando nossa
adoração, é esta a pergunta que devemos fazer: Deus ordenou isso? Não devemos
perguntar: Ele proibiu isso? Isso foi sempre feito assim? Gostamos disso?
Também não devemos perguntar, “isso funciona?”. E assim por diante.
Por que Deus fez assim com
oculto? Em parte é porque temos corações pecaminosos e corruptos. Nossos corações
não são confiáveis! E não podemos confiar em nossos corações para acharmos a
forma correta de adorar a Deus. Por isso Deus nos deu direcionamento suficiente
para que sigamos. E este direcionamento é uma direção externa a nós. Deus tem o
direito de decidir como Ele mesmo quer que seja adorado. Pense no presidente do
Brasil. É ele que decide como funciona seu governo, como as pessoas devem se
aproximar dele. Ele decide o cerimonial para receber as pessoas. Se nós
desejamos agradá-lo, então vamos seguir tudo aquilo que ele determinou. E se os
governadores humanos fazem assim, quanto mais o Rei dos Reis e o Senhor dos
Senhores. De onde tiramos isso na Bíblia?
Vejamos em Levítico 10. 1-3:
“Nadabe e Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo, e sobre este, incenso, e trouxeram fogo estranho perante a face do SENHOR, o que lhes não ordenara. Então, saiu fogo de diante do SENHOR e os consumiu; e morreram perante o SENHOR. E falou Moisés a Arão: Isto é o que o SENHOR disse: Mostrarei a minha santidade naqueles que se cheguem a mim e serei glorificado diante de todo o povo. Porém Arão se calou” (Lv 10:1-3).
“Nadabe e Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo, e sobre este, incenso, e trouxeram fogo estranho perante a face do SENHOR, o que lhes não ordenara. Então, saiu fogo de diante do SENHOR e os consumiu; e morreram perante o SENHOR. E falou Moisés a Arão: Isto é o que o SENHOR disse: Mostrarei a minha santidade naqueles que se cheguem a mim e serei glorificado diante de todo o povo. Porém Arão se calou” (Lv 10:1-3).
Vejamos aqui a frase-chave,
no final do v. 1: “o que lhes não ordenara”.
Estes homens eram religiosos e adoradores; tinham boas intenções e provavelmente eram sinceros, mas fizeram o que não havia sido ordenado por Deus.
E também em 1 Crônicas 15.13:
“Pois, visto que não a levastes na primeira vez, o SENHOR, nosso Deus, irrompeu contra nós, porque, então, não o buscamos, segundo nos fora ordenado”.
Estes homens eram religiosos e adoradores; tinham boas intenções e provavelmente eram sinceros, mas fizeram o que não havia sido ordenado por Deus.
E também em 1 Crônicas 15.13:
“Pois, visto que não a levastes na primeira vez, o SENHOR, nosso Deus, irrompeu contra nós, porque, então, não o buscamos, segundo nos fora ordenado”.
Lembramos que aqui Davi e o
povo de Israel tentaram levar a arca da aliança e isto era uma coisa boa;
estavam com muita sinceridade, tinham boa motivação. Mas eles não fizeram
segundo as ordenanças de Deus. Por isso, quando Uzá tentou tocar na arca, Deus
o matou. Assim eles disseram: “não o buscamos, segundo nos fora ordenado”.
Podemos ver a mesma coisa com o Rei Jeroboão e o Rei Uzias que foram castigados
por terem adorado a Deus de uma forma que Ele não tinha ordenado. Deus tem nos
dado muitas advertências sobre o que Deus nos fará se não respeitamos aquilo
que Ele tem definido. Quando nós realmente abraçamos este princípio de que
somente aquilo que Deus tem ordenado é legítimo no culto, o que sobra?
A Confissão de Fé de Westminster inclui estes dois versículos citados, no 2º Mandamento da Lei e no Capítulo XXI, I (Do Culto e do Dia de Repouso) afirma:
A Confissão de Fé de Westminster inclui estes dois versículos citados, no 2º Mandamento da Lei e no Capítulo XXI, I (Do Culto e do Dia de Repouso) afirma:
“Mas a forma aceitável de
cultuar o Deus verdadeiro é instituída por sua própria vontade revelada, de
modo que ele não pode ser cultuado segundo as imaginações e invenções humanas,
nem segundo as sugestões de Satanás, sob alguma representação visível, ou por
qualquer outra forma não prescrita na Sagrada Escritura” (CFW).
Veja o que lemos aqui. Nós
não podemos adorar a Deus usando ídolos ou qualquer outra forma não ordenada na
Palavra. Mas alguém poderia dizer; “Eu nunca iria adorar a Deus com ídolos”,
mas aqui a Confissão de Fé de Westminster reúne o ensino bíblico sobre este
assunto e diz que qualquer adoração que não encontra prescrição ordenada por
Deus na Palavra, é idolatria. Não é que você está adorando ao Deus errado, mas
a questão é que você está adorando a Deus de forma errada; de uma forma não
ordenada nas Sagradas Escrituras. Então, podemos usar isso também na área do
louvor, nos cânticos, porque podemos aplicar este princípio a todas as áreas do
culto. Do início até o fim, Deus tem ordenado esta área ou aquela; Ele ordena
isto e aquilo. E nos cânticos de louvor, o que Deus nos ordenou a usar? Segundo
o pensamento dos reformadores, Deus nos ordenou o cântico dos Salmos. No Velho
Testamento temos exemplos dos Salmos sendo cantados, mas também no Novo
Testamento. Por exemplo, Colossenses 3:16 ? “Habite, ricamente, em vós a
palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria,
louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em
vosso coração”e Efésios 5:19. À primeira vista, vendo estes versículos você pode
dizer: “Então eu posso cantar não apenas Salmos, mas outros cânticos também”.
Temos duas coisas a dizer em resposta a esta afirmação:
1) Os títulos dos Salmos do
Velho Testamento
Primeiro, vejamos os títulos
dos Salmos do VT. Eles são traduzidos em grego (na Septuaginta) usando estes
três títulos colocados nestes versículos citados. Quando Paulo está falando
deste cantar os “salmos, cânticos e hinos espirituais”, ele está se referindo
ao livro de Salmos que contém “salmos, hinos e cânticos espirituais”. Esta
expressão, “cânticos espirituais”, significa cânticos do Espírito Santo ?
Cânticos inspirados pelo Espírito Santo. Pelos títulos dos Salmos, nós
entendemos que Paulo está dizendo: “Salmos, Salmos e mais Salmos”.
2) Exemplo do Novo Testamento
A segunda coisa é o exemplo
que temos no NT. Por exemplo, Mateus 26.30: “E, tendo cantado um hino, saíram
para o monte das Oliveiras”. Veja: “... tendo cantado um hino”. Aqui Jesus
estava sentado com seus discípulos na última Ceia Pascal e na primeira mesa da Santa
Ceia.
Mais uma vez hino, no grego, significa Salmo. Naquela época, esta era uma prática bem conhecida na igreja judaica. Quando os judeus estavam celebrando a páscoa, eles cantavam os hinos pascais. Esses hinos pascais nós os encontramos dos Salmos 113 ao 118. Jesus cantou com seus discípulos estes hinos. Um comentarista disse que o canto destes Salmos de Hallel, por Cristo e seus discípulos na noite da Sua traição, marca o momento no qual o saltério passa da antiga dispensação para a nova dispensação, porque acompanhou a última celebração da páscoa e a primeira celebração da Santa Ceia do Senhor. Neste versículo Jesus está dizendo que estes mesmos Salmos do Antigo Testamento são adequados e suficientes no Novo Testamento.
Então, como vimos antes, no Velho Testamento nós temos prescrição e exemplo. Mas também no Novo Testamento nós temos prescrição e exemplo. Vemos, portanto, como os reformadores restauraram o Princípio Regulador do culto. Sendo assim, o culto precisa ser algo ordenado hoje.
Recentemente li uma citação de Ray Lanning que é um perito reformado neste assunto de culto e ele dizia: “Das muitas mudanças implementadas pelos reformadores, nenhuma foi mais dramática do que a mudança do culto público”. Calvino disse: “Todo serviço a Deus que é inventado pelo cérebro do homem na religião de Deus sem o Seu expresso mandamento é idolatria”. Estas palavras são bem sérias.
Mais uma vez hino, no grego, significa Salmo. Naquela época, esta era uma prática bem conhecida na igreja judaica. Quando os judeus estavam celebrando a páscoa, eles cantavam os hinos pascais. Esses hinos pascais nós os encontramos dos Salmos 113 ao 118. Jesus cantou com seus discípulos estes hinos. Um comentarista disse que o canto destes Salmos de Hallel, por Cristo e seus discípulos na noite da Sua traição, marca o momento no qual o saltério passa da antiga dispensação para a nova dispensação, porque acompanhou a última celebração da páscoa e a primeira celebração da Santa Ceia do Senhor. Neste versículo Jesus está dizendo que estes mesmos Salmos do Antigo Testamento são adequados e suficientes no Novo Testamento.
Então, como vimos antes, no Velho Testamento nós temos prescrição e exemplo. Mas também no Novo Testamento nós temos prescrição e exemplo. Vemos, portanto, como os reformadores restauraram o Princípio Regulador do culto. Sendo assim, o culto precisa ser algo ordenado hoje.
Recentemente li uma citação de Ray Lanning que é um perito reformado neste assunto de culto e ele dizia: “Das muitas mudanças implementadas pelos reformadores, nenhuma foi mais dramática do que a mudança do culto público”. Calvino disse: “Todo serviço a Deus que é inventado pelo cérebro do homem na religião de Deus sem o Seu expresso mandamento é idolatria”. Estas palavras são bem sérias.
III) As Razões do Culto
Bíblico
Por que tudo isso é
importante? Por que estamos enfatizando estas coisas? Por que Deus deseja assim?
1º) Primeiro, porque seguindo
este padrão bíblico, conseguiremos ter simplicidade. Todas as decisões sobre o
que deve existir no culto se tornam tão simples. Não importa quantas pessoas,
sejam elas jovens ou velhas, cheguem dizendo: “Esta é uma idéia ótima para o
culto”. Nós não precisamos consultar o passado, não precisamos perguntar se
isso vai ser popular, não precisamos perguntar se isso vai funcionar, não é
necessário procurar na Bíblia para ver se há uma provisão, mas simplesmente
perguntar: “Isso foi ordenado? Isso é requerido?”. Simplicidade! Realmente isso
iria simplificar de forma impressionante os cultos de adoração nas igrejas.
2º) Um segunda razão é a
espiritualidade. A igreja Católica Romana chegou a ter um sistema de culto
tão complexo que o povo ficava vendo apenas aquilo que é externo na adoração.
Eles esqueceram que Deus quer ver nosso coração e que é necessário que o culto
seja espiritual. Quanto mais tornamos complexo nosso culto, mais externo, mais
exterior ele se torna. Mas se tiramos tudo que apela aos nossos olhos e nossos
sentidos, nossa visão, nosso tato, então chegarem a ter algo bem simples. Assim
podemos no focar no coração e não naquilo que está lá fora. Por isso os
reformadores pintaram de cal todas as igrejas, por dentro e por fora. Tiraram
todas as janelas com seus vitrais coloridos; aboliram todas as vestimentas
clericais; todos os incensos e sinos; tudo que impressionava os olhos. “Vamos
simplificar”, eles disseram “para que o povo possa novamente adorar de coração.
Isso melhora a espiritualidade”. Já participei de reuniões onde a adoração foi
tão extravagante, impressionante aos olhos e aos ouvidos. De fato isso tem sido
demasiado para ser provado, vivenciado. Nestas adorações os sentidos têm sido
tão estimulados que nos faz perguntar se aqui está sendo realizado um culto que
parte do coração.
3º) A terceira razão é a
unidade. Qual é a conseqüência quando as pessoas estão seguindo várias
regras quanto ao culto? A consequência é a divisão da igreja de Cristo! Cada igreja
faz aquilo que agrada aos seus próprios olhos. Um dia você entra em uma igreja,
outro dia em outra igreja, e percebe uma diferença enorme entre elas. Uma
diferença tão grande que estas igrejas nunca chegarão a se reunir para adorar
juntas. Todas aquelas regras não bíblicas têm levado a Igreja às chamadas
guerras litúrgicas. Imaginemos se todas as igrejas no Brasil fechassem as suas
portas e tivessem uma reunião a portas fechadas. Dissessem: “Vamos abrir a
Bíblia e, baseados na Palavra de Deus, vamos decidir o que Deus ordena para
estar presente em nossos cultos; se acharmos alguma coisa que é ordenada na
Bíblia, isso estará presente; se não acharmos uma ordenança para determinada
coisa, isso fica fora”. Não temos dúvida de que muitas coisas seriam colocadas
fora. Mas, imaginemos se depois dessa decisão as portas fossem abertas e todos
se reunissem para adoração uma conjunta. Todos eles estariam na “mesma página”.
Talvez isso requeresse algum tempo, mas todos chegariam ao mesmo ponto. Isso
uniria as igrejas de forma extraordinária e impressionante. Impressionaria o
mundo, também. Isso impactaria o mundo mais do que nossas divisões estão
fazendo.
4º) Uma quarta razão é a
glória de Deus. Se nós dissermos: “Nós não somos confiáveis para dizer o
que é apropriado para o culto; só Deus tem o direito de dizer o que é legítimo
na adoração e eu me submeto a tudo aquilo que Ele ordena”. O que isso diz? Diz
que Deus esteja em seu trono e eu esteja no pó! Isso dá a Deus o seu direito e
nos torna seus servos. Assim Deus é glorificado.
Mais uma vez vamos nos focar
apenas nos Salmos.
1) Podemos cantar os Salmos a
Cristo. Quando lemos a palavra “Deus” ou “Senhor” ou “Rei”, nos Salmos,
podemos cantar estas coisas a Cristo o Senhor, Cristo o Rei. Seus títulos e
seus nomes se acham em todos os Salmos. Cristo o Criador, Cristo o Provedor,
Cristo o Guia, Cristo o Defensor, e assim por diante... Então cantaremos estes
Salmos de uma forma trinitariana.
2) Em segundo lugar podemos
catar os Salmos de Cristo (acerca de Cristo). Quantos salmos estão
profetizando sobre a vinda de Cristo a este mundo? Fiz uma lista rápida. Veja o
Salmo 45:6 que fala da divindade de Cristo; Salmo 2:7 que diz que Ele é o Filho
eterno; Salmo 8:5 que fala da encarnação de Cristo; os ofícios de Cristo como
mediador, Salmo 40:9-10 e Salmo 110:4; Salmo 41:9, que fala da traição do
Senhor; o julgamento de Cristo, Salmo 35:11; a rejeição de Cristo, Salmo 22:6;
o sepultamento e rejeição de Cristo, Salmo 16: 9-11; a ascensão de Cristo,
Salmo 47:5; a segunda vinda de Cristo, Salmo 50:3-4. Mas de fato Cristo não
está nos Salmos, não é? Está ou não está? Muitos têm a vista curta. Todos os
Salmos que estamos entoando, cantam Cristo. Nós cantamos a Cristo e nós
cantamos de Cristo.
3) Em terceiro lugar cantamos
por meio de Cristo. Quando estamos oferecendo um culto a nosso Deus,
devemos oferecê-lo pela mediação de Cristo.
4) Em quarto lugar cantamos
com Cristo. Que hinário Cristo usava quando neste mundo? Ele usava o livro
de Salmos. Isso era o maná da Sua alma. Esses foram os salmos, os cânticos que
sua mãe o ensinou a cantar. Foram os cânticos que Ele tinha na memória quando
estava na Sinagoga; foram estes os cânticos que gradativamente lhe revelavam
todas as implicações do seu trabalho como Mediador. Portanto, vemos que em
momentos críticos e importantes de sua vida, estes Salmos surgem em seu
coração. Estes Salmos edificavam sua própria alma. O primeiro Salmo que uma mãe
judaica ensinava a seu filho era aquele que dizia: “Em tuas mãos entrego o meu
espírito”. Quais fora as últimas palavras que saíram da boca de Jesus? Veja o
salmo 22 e o 69. Eles nos revelam tudo que estava se passando na mente e no
coração de Jesus quando ele estava morrendo. Os Evangelhos nos revelam e
relatam muitas coisas dos sofrimentos externos de Cristo, mas não chegam a nos
informar aquilo que estava se passando no seu coração. Mas os Salmos nos
informam disso. Mil anos antes do evento da morte de Jesus estes Salmos profetizam
e nos predizem os pensamentos, temores e desejos que encheram o coração de
Jesus. Então, quando estamos cantando os Salmos guardemos em nossas mentes o
fato de que Cristo cantava estes Salmos, meditava neles. Onde e quando Cristo
cantou estes Salmos? Como Ele cantou estes Salmos? Você não teria muito prazer
e gozo em ouvir o próprio Cristo cantando estes Salmos? Por exemplo, não seria
prazeroso ouvi-lo cantando as palavras do Salmo 118.17-19?
“Não morrerei, mas viverei; e
contarei as obras do SENHOR. O SENHOR me castigou muito, mas não me entregou à
morte. Abri-me as portas da justiça; entrarei por elas, e louvarei ao SENHOR”.
Veja o Salmo 69. 19-21:
“Tu conheces a minha afronta, a minha vergonha e o meu vexame; todos os meus adversários estão à tua vista. O opróbrio partiu-me o coração, e desfaleci; esperei por piedade, mas debalde; por consoladores, e não os achei. Por alimento me deram fel e na minha sede me deram a beber vinagre”.
Veja o Salmo 69. 19-21:
“Tu conheces a minha afronta, a minha vergonha e o meu vexame; todos os meus adversários estão à tua vista. O opróbrio partiu-me o coração, e desfaleci; esperei por piedade, mas debalde; por consoladores, e não os achei. Por alimento me deram fel e na minha sede me deram a beber vinagre”.
São palavras muitíssimo
emocionantes. Procure pensar em Cristo cantando estes cânticos no culto
doméstico e em particular. Lemos de Cristo saindo à noite para o deserto para
orar e clamar a seu Pai. Não teria Ele usado destas palavras em seus lábios
santos? Não teria cantados todos estes cânticos com todo sentimento e paixão?
Jesus cantava aquilo que Ele mesmo iria experimentar. Como Ele os cantou?
Quando Ele os cantou? Ele era o salvador dos Salmos. Que privilégio podermos
tomar estes mesmos cânticos em nossos lábios e podermos cantar com Cristo como
Ele cantou. Ele cantou assim e nós cantamos também. Nós cantamos a Ele, nós
cantamos Dele, cantamos por meio Dele e com Ele.
Deixe-me encerrar com algumas
colocações finais:
1) Por que fazemos o que
fazemos? Qualquer que seja o modo de nosso culto é preciso que entendamos
o porquê estamos fazendo assim. Não é suficiente dizermos que sempre foi feito
assim ou que todo mundo faz assim ou que nos agrada fazer assim, porque isso
não é uma defesa contra a corrupção do nosso coração. A única defesa contra a
corrupção do nosso culto é o seguinte: Isto Deus tem nos ORDENADO! Segure,
entenda, examine e aplique este princípio e seja capaz de defender toda a parte
da sua adoração à luz deste princípio.
2) Adore de verdade. Uma
coisa é dar uma palestra sobre adoração. Uma coisa é lermos muitos livros sobre
adoração, e pode se tornar até um perito no assunto de adoração. Mas você sabe
adorar? Você se dobra a Deus? Em sua vida há uma adoração real, de coração a
coração, ao seu amado Salvador?
3) Vamos ter a coragem de
fazer uma reforma em nosso culto se assim for necessário.Lembram-se do que
Jesus disse em Mateus 15.8-9: “Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me
honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim. Mas, em vão me
adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens”. Notem que não são os
preceitos de Deus, mas de homens. Ele diz: “em vão me adoram”. Então, vamos ter
a coragem de fazer uma reforma na adoração.
4) Vamos tentar persuadir
outras pessoas. É esta a palavra correta: PERSUADIR. Mas não vamos agir de
forma a destruir igrejas, mas vamos usar de gentileza, de forma sábia,
gradativa, tentando ganhar as pessoas, tendo paciência com elas porque por
muitas vezes elas foram abençoadas com outros hinos e corinhos em suas vidas.
Você não deve esperar que de uma forma súbita elas entendam tudo isso, mas de
uma forma gradativa, introduzindo mais e mais um culto bíblico. Um puritano,
William Romaine, disse: “Eu sei que esta adoração é um ponto que dói, por isso
eu vou tocar nele de uma forma muito delicada, com a maior gentileza que eu
posso, na esperança de fazer algum bem”. Ninguém se achega a um ferimento para
traumatizá-la no intuito de curar. Mas vai como uma mãe ou uma amável enfermeira,
com muita habilidade e cuidado limpando e cuidando lentamente. Mantenha sempre
na mente o grande propósito: Não apenas uma igreja pura e purificada, mas uma
igreja unida e cheia de amor.
Existem duas formas eficazes
para se persuadir e que são muito melhor do que todas as palestras que você
possa dar: (1) Cante os Salmos com alegria no coração. (2) Se
você é pastor pregue os Salmos. Se olhar para trás, para a história do culto
bíblico, a época quando os Salmos caíram em desuso, essas épocas também
coincidiram com o momento quando não se tinha a pregação de Cristo nos Salmos.
Quando você estiver pregando Cristo nos Salmos será muito mais fácil persuadir
o povo a cantar os Salmos para Cristo.
5) Em último lugar. Toda
nossa adoração deve ser uma antecipação do céu. Deve ter um sabor do céu
vindouro. Esse é o grande fim da adoração, nos levar ao céu e até trazer o céu
até nós. Naquele dia quando não haverá mais nenhuma divisão e nenhum argumento
restará e todo propósito da adoração aqui na terra deve ser para nos dá um
pequeno sabor do céu vindouro. Esperamos e oramos que esta seja nossa
experiência.
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