Não quero dizer que acontece
com todos. Mas, acontece com muitos. Conheço vários casos, inclusive próximos a
mim, de jovens cristãos fervorosos, dedicados, crentes, compromissados com
Deus, que gostavam de orar e ler a Biblia, que evangelizavam em tempo e fora de
tempo, e que depois de entrar no seminário ou faculdade de teologia, esfriaram
na fé, se tornaram confusos, críticos, incertos e até cínicos. Como Tomé, não
conseguem crer (espero que ao final venham a crer, como graciosamente aconteceu
com Tomé).
E isso pode acontecer até mesmo em seminários cujos professores são
conservadores, que acreditam na Bíblia de capa a capa. Esse quase foi o meu
caso. Após minha conversão em 1977, depois de uma vida desregrada e dissoluta,
dediquei-me à pregação do Evangelho e a plantar igrejas. Larguei meu curso de
Desenho Industrial na Universidade Federal de Pernambuco e fui trabalhar como
obreiro no litoral de Olinda, pregando a uma comunidade de pescadores, depois
no interior de Pernambuco entre plantadores de cana e finalmente entre viciados
em droga em Recife. Todos me aconselhavam a fazer o curso de seminário e a me
tornar pastor. Eu resistia, pois tinha receio de que quatro anos em um
seminário iriam esfriar o meu ânimo, meu zelo, minha paixão pelas almas perdidas.
Eu conhecia vários seminaristas e não tinha a menor intenção de me tornar como
eles. Finalmente cedi. Entrei no seminário aos 24 anos de idade, provavelmente
como um dos mais relutantes candidatos ao ministério que passara por aquelas
portas. Tive professores muito abençoados que me ensinaram teologia, Bíblia,
história, aconselhamento. Eram todos, sem exceção, homens de Deus,
comprometidos com a infalibilidade das Escrituras e com a teologia reformada.