Para
Santificar o Povo,
Pelo Seu
Próprio Sangue
"Por
isso foi que também Jesus, para santificar o povo, pelo seu próprio sangue,
sofreu fora da porta. Saiamos, pois, a ele, fora do arraial, levando o seu
vitupério" Hebreus 13.12-13
As palavras "...para santificar..." esclarecem porque Jesus teve que sofrer e morrer "fora da porta". A Sexta-Feira da Paixão nos mostra, por um lado, a seriedade abaladora do pecado: se o Deus onisciente e onipotente não viu outro caminho a não ser deixar Seu amado Filho morrer publicamente de maneira terrível na cruz, a questão do pecado deve ser horrivelmente séria. Por outro lado, entretanto, também vemos nos acontecimentos do Gólgota a grandeza do insondável amor de Deus. A Sexta-Feira da Paixão também nos dá uma visão da profundeza assustadora da luta entre a luz e as trevas. Essa luta pelo poder já começou antes da fundação do mundo, quando a "estrela da manhã" caiu em sua orgulhosa rebelião contra Deus e se transformou em Satanás (comp. Is 14.12-15; Ez 28.14-17). O mesmo Satanás, em forma de serpente, enganou Eva, a mulher de Adão, o primeiro homem. Desse modo, acentuou-se o conflito entre a luz e as trevas até à hora em que foi decidido na cruz do Gólgota.
As palavras "pelo seu próprio sangue", em Hebreus 13.12, nos causam admiração e nos levam à adoração. Pois a Escritura diz em Levíticos 17.11:
"...a
vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer
expiação pelas vossas almas: porquanto é o sangue que fará expiação em virtude
da vida." Levíticos 17.11
Quando lemos
atenta e repetidamente o Antigo Testamento, especialmente as leis sobre os
sacrifícios e seus muitos detalhes, vemos repentinamente, à luz do sacrifício
singular de Jesus Cristo, o significado da minúcia com que o Deus eterno
ordenou todos esses sacrifícios através de Moisés:
* a oferta pela culpa: Jesus tomou nossa culpa sobre Si
* a oferta pelo pecado: Ele foi feito pecado por nós
* a oferta pacífica: o coração de quem aceita a Jesus fica cheio de louvor e gratidão a Deus, pois passa a ter paz com Deus
* o holocausto: ele aponta para a entrega completa do Filho de Deus
* a oferta de manjares: ela representa a vida santa e sem pecado de Jesus
Mil anos antes do Gólgota, já ouvimos o grito de Jesus na cruz através da boca de Davi:
* a oferta pela culpa: Jesus tomou nossa culpa sobre Si
* a oferta pelo pecado: Ele foi feito pecado por nós
* a oferta pacífica: o coração de quem aceita a Jesus fica cheio de louvor e gratidão a Deus, pois passa a ter paz com Deus
* o holocausto: ele aponta para a entrega completa do Filho de Deus
* a oferta de manjares: ela representa a vida santa e sem pecado de Jesus
Mil anos antes do Gólgota, já ouvimos o grito de Jesus na cruz através da boca de Davi:
"Deus
meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que se acham longe de meu
salvamento as palavras de meu bramido? Deus meu, clamo de dia, e não me
respondes; também de noite, porém não tenho sossego. Contudo tu és santo,
entronizado entre os louvores de Israel... Não te distancies de mim, porque a
tribulação está próxima, e não há quem me acuda... Cães me cercam; uma súcia de
malfeitores me rodeia; traspassaram-me as mãos e os pés. Posso contar todos os
meus ossos; eles me estão olhando e encarando em mim. Repartem entre si as
minhas vestes, e sobre a minha túnica deitam sortes. Tu, porém, Senhor, não te
afastes de mim; força minha, apressa-te em socorrer-me" Salmos
22.1-3,11,16-19
Aqui já O
vemos sofrendo "fora da porta" na palavra profética. E "lá
fora", abandonado por Deus, Ele derramou Seu precioso sangue, que tem oito
efeitos:
Ele purifica
de todo pecado (1 Jo 1.7).
Ele redime
do poder do pecado (Ef 1.7).
Ele nos
resgata do fútil procedimento diabólico legado por nossos pais (1 Pe 1.18-19).
Ele produz
paz com Deus (Cl 1.20).
Ele dá
justificação diante de Deus (Rm 5.9).
Ele nos
aproxima de Deus, a nós que "antes estávamos longe" (Ef 2.13).
Ele nos
santifica (Hb 9.13-14).
Ele nos dá
acesso livre à presença direta de Deus (Hb 10.19).
Mas, meus
amigos, quão alto preço Jesus pagou por isso!
O que
realmente aconteceu no Getsêmani
Já quando
Jesus entrou naquele jardim na noite anterior à Sexta-Feira da Paixão, Ele foi
preparado como o Cordeiro que seria morto. Dos evangelistas, somente Marcos
fala dos sentimentos mais profundos do Senhor Jesus quando foi feito pecado lá
no Getsêmani. Em Marcos 14.33-34 está escrito dEle:
"E,
levando consigo a Pedro, Tiago e João, começou a sentir-se tomado de pavor e de
angústia. E lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte;
ficai aqui e vigiai." Marcos 14.33-34
Em outras
palavras: Sua expressão mostrava profundo temor e aflição.
Esse terrível temor, entretanto, não era da morte na cruz do Gólgota. Pelo contrário. Aqui no Jardim Getsêmani, Deus o Pai já começou a se afastar do Seu Filho, porque O fez pecado (2 Co 5.21). Então, os poderes satânicos da morte se lançaram sobre Jesus, para frustrar o grande alvo que Ele tinha em mente – redimir a ti e a mim. Quando Jesus viu que começava a morrer lá no Getsêmani, pouco antes de começar a agonia e Seu suor se tornar como gotas de sangue, Ele se inclinou diante do Pai e Lhe pediu:
Esse terrível temor, entretanto, não era da morte na cruz do Gólgota. Pelo contrário. Aqui no Jardim Getsêmani, Deus o Pai já começou a se afastar do Seu Filho, porque O fez pecado (2 Co 5.21). Então, os poderes satânicos da morte se lançaram sobre Jesus, para frustrar o grande alvo que Ele tinha em mente – redimir a ti e a mim. Quando Jesus viu que começava a morrer lá no Getsêmani, pouco antes de começar a agonia e Seu suor se tornar como gotas de sangue, Ele se inclinou diante do Pai e Lhe pediu:
"Pai,
se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e,
sim, a tua. Então lhe apareceu um anjo do céu que o confortava. E, estando em
agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou como
gotas de sangue caindo sobre a terra" Lucas 22.42-44
Que cálice
Jesus pediu que passasse dEle? Ele se referia ao cálice do Gólgota? Não, pelo
contrário. Tratava-se do cálice que Ele teria que tomar evidentemente no
Getsêmani, se o Pai não O livrasse dele. Esse cálice consistia para Jesus em
ter que morrer já no Getsêmani, sem poder realizar a obra de salvação no
Gólgota. Mas, conforme Filipenses 2.8, Ele foi
"obediente
até à morte (no Getsêmani), e morte de cruz (no Gólgota)." Filipenses 2.8
Por isso, no
Getsêmani, Ele orou três vezes ao Pai com as palavras: "...contudo, não se
faça a minha vontade, e, sim, a tua." Aí Deus interferiu, porque Seu amado
Filho tinha passado também por esta prova de obediência. O que aconteceu no
Getsêmani é também descrito em Hebreus 5.7:
"Ele,
Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas,
orações e súplicas a quem o podia livrar da morte, e tendo sido ouvido por
causa da sua piedade". Hebreus 5.7
Quando Jesus
orou ao Pai no Getsêmani: "...contudo, não se faça a minha vontade, e,
sim, a tua", o Pai O ouviu. Desse modo, por meio do sumo sacerdote e de
Pilatos, Jesus foi conduzido ao Gólgota.
Tendo experimentado em Sua alma o ficar "fora" no Getsêmani, Ele teve que sofrer o "ser feito pecado" em corpo, alma e espírito – não mais na escuridão da noite, mas publicamente, de dia. Entretanto, está escrito dEle:
Tendo experimentado em Sua alma o ficar "fora" no Getsêmani, Ele teve que sofrer o "ser feito pecado" em corpo, alma e espírito – não mais na escuridão da noite, mas publicamente, de dia. Entretanto, está escrito dEle:
"...o
qual em troca da alegria que lhe estava proposta (de poder nos santificar),
suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia..." Hebreus 12.2
As
grandiosas dimensões dos sofrimentos de Jesus
Tendo como
pano de fundo a luta milenar entre luz e trevas no mundo invisível, podemos
imaginar o que o Filho de Deus teve que passar naquelas horas no mundo visível.
O fato de Jesus ter sofrido "fora da porta" (Hb 13.12b), apresenta
grandiosas dimensões. Pois, sofrer "fora da porta" significou para
Ele:
Esvaziamento
Lemos a
respeito em Filipenses 2.6-7:
"pois
ele, subsistindo em forma de Deus não julgou como usurpação o ser igual a Deus;
antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em
semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana." Filipenses 2.6-7
Quando o
Filho de Deus se esvaziou a si mesmo da glória que tinha com o Pai e se tornou
homem, Ele se dirigiu para "fora da porta", para tomar sobre si
voluntariamente o "vitupério" (a afronta, o desprezo) que o
aguardava.
Tornar-se realmente
um com o pecado
Já no
Getsêmani, como vimos, e então publicamente na cruz do Gólgota, Jesus Cristo
foi feito pecado por nós por parte de Deus, o Pai:
"Aquele
que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que nele fôssemos
feitos justiça de Deus" 2 Coríntios 5.21
Nós, que
nascemos no pecado (Sl 51.5), nem podemos compreender o que significou para o
Filho de Deus, que não tinha pecado, ser identificado com o pecado e, ainda
mais, ser Ele mesmo feito "pecado".
Tirar todos
os pecados
Jesus também
sofreu "fora da porta" porque tirou os pecados de todos os homens de
todos os tempos. João Batista exclamou a respeito dEle:
"Eis o
Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!" João 1.29
Não está
escrito "tirará", mas que Jesus "tira" o pecado do mundo.
Isso significa que já naquele tempo, quando encontrou João Batista, o pecado
pesava sobre Ele.
Quando somos acusados injustamente de uma coisa ruim, que não fizemos, algo começa a "trabalhar" em nós. Isaías 53.11a fala profeticamente de Jesus, referindo-se ao "penoso trabalho de sua alma". Quanto trabalhou a alma de Jesus sob a carga dos bilhões e bilhões de pecados que foram lançados sobre Ele, isto é, atribuídos a Ele – o Cordeiro "sem defeito e sem mácula" (1 Pe 1.19).
Quando somos acusados injustamente de uma coisa ruim, que não fizemos, algo começa a "trabalhar" em nós. Isaías 53.11a fala profeticamente de Jesus, referindo-se ao "penoso trabalho de sua alma". Quanto trabalhou a alma de Jesus sob a carga dos bilhões e bilhões de pecados que foram lançados sobre Ele, isto é, atribuídos a Ele – o Cordeiro "sem defeito e sem mácula" (1 Pe 1.19).
O ser
levantado na cruz
O sofrer "fora
da porta" foi ainda mais profundo, ainda mais definitivo. Quem jamais
entendeu a profundidade assombrosa das palavras de Jesus em João 3.14-15, que
são tão indescritivelmente gloriosas para nós? Lá está escrito:
"E do
modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho
do homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida
eterna." João 3.14-15
Por que o
Senhor se referiu a esse acontecimento do Antigo Testamento? Resposta: naquele
tempo, o povo de Israel se rebelou contra Deus e contra Moisés (comp. Nm
21.4-5). Como castigo,
"o
Senhor mandou entre o povo serpentes abrasadoras, que mordiam o povo; e
morreram muitos do povo de Israel" Números 21. 6
Quando os
restantes do povo foram a Moisés, arrependendo-se do seu pecado e
confessando-o, e Moisés intercedeu por eles diante do Senhor (v. 7),
"disse
o Senhor a Moisés: Faze uma serpente abrasadora, põe-na sobre uma haste: e será
que todo mordido que a mirar, viverá. Fez Moisés uma serpente de bronze, e a
pôs sobre uma haste; sendo alguém mordido por alguma serpente, se olhava para a
de bronze, sarava" Números 21.8-9
Somente
quando o Senhor da Glória como que se identificou completamente com a antiga e
má serpente e se deixou pregar no madeiro maldito, Ele pôde pisar a cabeça
dela. Nesse momento, Ele, a luz do mundo, teve o mais intenso confronto com o
poder das trevas; e Ele realizou essa luta completamente sozinho.
O abandono
de Deus
Esse
sofrimento "fora da porta" se tornou mais terrível para Jesus quando
também Deus, o Pai, se afastou dEle, porque não O via mais como Seu Filho, mas
como o próprio pecado. Pois Deus odeia o pecado com ódio eterno; mas Ele ama o
pecador com eterno amor.
Agora vamos olhar em espírito para o Crucificado, com santa reverência:
Agora vamos olhar em espírito para o Crucificado, com santa reverência:
O que Jesus
realmente fez na cruz?
O solo em
que se encontra a cruz é sagrado. Quanto já se falou, orou, cantou e pensou a
respeito daquilo que Jesus realizou ali! E mesmo assim nos admiramos cada vez
mais sobre Seu amor incompreensível!
No Novo Testamento encontramos 29 vezes a palavra "cruz" e 47 vezes o verbo "crucificar". Que nosso Senhor, durante Sua vida terrena, sempre tinha em mente a cruz é provado pela Sua repetida exigência de que todos que queriam segui-lO deviam "tomar a sua cruz" (comp. Lc 14.27; 9.23; Mt 10.38; 16.24; Mc 8.34; 10.21). Quando Moisés e Elias estiveram com Jesus sobre o alto monte, eles "falavam da sua partida, que ele estava para cumprir em Jerusalém" (Lc 9.31); eles falavam da Sua cruz. O apóstolo Paulo o lembrou aos gálatas quando lhes escreveu:
No Novo Testamento encontramos 29 vezes a palavra "cruz" e 47 vezes o verbo "crucificar". Que nosso Senhor, durante Sua vida terrena, sempre tinha em mente a cruz é provado pela Sua repetida exigência de que todos que queriam segui-lO deviam "tomar a sua cruz" (comp. Lc 14.27; 9.23; Mt 10.38; 16.24; Mc 8.34; 10.21). Quando Moisés e Elias estiveram com Jesus sobre o alto monte, eles "falavam da sua partida, que ele estava para cumprir em Jerusalém" (Lc 9.31); eles falavam da Sua cruz. O apóstolo Paulo o lembrou aos gálatas quando lhes escreveu:
"
gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos foi Jesus
Cristo exposto como crucificado?" Gálatas 3.1
Em outras
palavras: quem viu, ou seja, quem compreendeu o que Jesus fez na cruz, perde o
orgulho e a obstinação; tal pessoa não pode mais cair de volta em esforços
próprios para querer se justificar diante de Deus pelas próprias obras.
Entretanto, devemos frisar antecipadamente que até hoje
"a
palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos
salvos, poder de Deus" 1 Coríntios 1.18
E aqui já
resplandece o indescritível que Jesus fez por nós na cruz. Nenhum homem é capaz
de entender toda a profundidade das palavras encontradas em João 1.29:
"Eis o
Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!" João 1.29
Hermann
Bezzel (1861-1917) tentou expressá-lo com as seguintes palavras:
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