quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Não Concordo com Deus


Não Concordo com Deus

         A Bíblia diz que todas as coisas foram feitas por Deus nos seis dias da criação. O homem foi obra das mãos de Deus no sexto dia, e ao sétimo dia o Senhor descansou. Ao contrário de todas as demais coisas, e animais, o homem foi dotado do poder de pensar, de raciocinar, de processar dados e informações. O homem detém o poder de escolher, ou livre-arbítrio, como diz a Bíblia.
         Todos os demais seres vivos tem um "programa pré-determinado" de acordo com o qual agem. Os pássaros não tem quem lhes ensine a fazer seus ninhos. Nem os peixes acerca do modo como devem proceder ao acasalamento, mas a cada geração, continuam a fazer o que é necessário à perpetuação da espécie. E assim podemos citar alguma coisa semelhante de cada se vivo, seja vegetal ou animal. Mas não é assim com o homem, que tem alguma coisa que os demais não tem. Uma coisa chamada "alma", que vem a ser a parte emocional, sentimental do ser humano. É exatamente essa parte sentimental que gera um problema sem igual para os homens. Nossos problemas quase inexistiriam se alma não tivéssemos.
Contudo, se alma não tivéssemos, não nos importaríamos com uma coisa que é perseguida pela humanidade: a felicidade. Todos nós queremos e perseguimos essa alguma coisa chamada felicidade, que nada mais é do que uma emoção, um sentimento. A felicidade não depende do que nós temos ou deixamos de ter, mas sim do que somos ou deixamos de ser. Lembra-se do filho pródigo (Lucas 15)? Milhares de pessoas se sentiriam felizes no lugar dele, mas não ele.
         Se por um lado a alma nos faz aflitos, se alma não tivéssemos, a nossa vida não teria cor ou sabor, assim como não tem a da maioria dos seres vivos, que se preocupam somente em continuar simplesmente existindo. Você já percebeu que os demais animais somente estão em busca de abrigo e alimento? Que sua vida se reduz à eterna busca da... sobrevivência?
         Mas não é assim o ser humano, pois sendo um animal, pode sobreviver nas condições mais deploráveis, e com um mínimo de ração diária. Mas isto não lhe é suficiente.
         Por causa de nossa capacidade de pensar, de processar dados e informações estamos sempre insatisfeitos com o que temos ou com o que somos. Ruben Alves (pastor evangélico) diz que "o desejo é a voz da ausência", e Albert Camus (filósofo e escritor) disse que "o ser humano é o único animal que se recusa a ser o que ele é".
         Nesta linha de raciocínio, vemos que Deus poderia ter feito as coisas um pouco diferentes. Que o que Ele fez não foi exatamente da melhor maneira. Mais: nós da Igreja, muitas vezes ficamos a pensar que Deus poderia agir de modo diferente para conosco; isto é, que Deus poderia melhorar um pouco mais a nossa vida, e a vida de muita gente boa na Igreja. E não entendemos, muitas vezes, o motivo e a razão de Deus permitir "certas coisas" na vida daqueles que O adoram (ou que pelo menos proclamam que O adoram...).
         Em resumo: freqüentemente não concordamos com Deus. A começar pela história da árvore do conhecimento do bem e do mal no Jardim do Éden. Por que Deus tinha que colocar a tal árvore lá? Não teria sido mais simples não existir aquela árvore? Assim não existiria o pecado, a queda, a maldição e o sofrimento no mundo. Outra coisa que poderia ser mudada é no tocante à doenças. Por que as pessoas tem que ficar doentes? Vírus, fungos e bactérias não deveriam existir. E o que dizer da morte? Morte deveria existir somente para quem quisesse morrer. Estas coisas são somente para começar. Você deve ter uma lista infindável das coisas que estão erradas no mundo, e que Deus poderia e deveria consertar. São retos os caminhos do Senhor (Ez.33:17)?
         Mas espere um pouco. Há uma coisa que precisa ser levantada: há muitas coisas que eu ou você achamos imperfeito, mas muitos acham perfeito. E então? Não é verdade que se talvez eu fizesse o mundo ser do meu jeito, haveriam milhares (ou milhões) de pessoas insatisfeitas comigo? Da mesma maneira como se o mundo fosse feito modo como você quer que seja, igualmente haveriam milhares (ou milhões) de pessoas (entre elas talvez eu) insatisfeitas contigo. E aí como ficariam as coisas? Você mudaria o mundo por causa da insatisfação de uma pessoa e causar a insatisfação de milhões de outras? Percebe que o Senhor nosso Deus não poderia se movimentar, fazer ou deixar de fazer se dependesse de nossa aprovação? Pois nunca haverá consenso entre os seres humanos.
         O ser humano detém uma liberdade que é negada aos demais seres vivos: a liberdade de escolher entre uma coisa ou outra. É o livre-arbítrio. Não sei se você vai conseguir me entender, ou que eu vá conseguir me fazer entender.
         Os demais animais não tem problemas com depressão ou frustração porque fazem somente o que determina o seu instinto. Eles não tem o poder de escolher, não tem a liberdade de escolher. Nem sequer sabem o que é escolher. Eles já vem com um programa pré-determinado ao qual cumprem à risca. Eles são felizes? Não! Não são felizes, porque eles não sabem o que é felicidade. Por outro lado, não são infelizes, porque também não sabem o que é infelicidade. Mas com certeza são mais felizes do que muitos de nós, que detemos o "dom" do livre-arbítrio... Como se vê, é muito tênue e diáfana a barreira entre o dom e a maldição... Se não tivéssemos o poder de escolher, se viéssemos também com um programa pré-determinado, não teríamos tanta dor, sofrimento e infelicidade. Por outro lado, também não conheceríamos o que é a felicidade.
         Se Deus não nos tivesse dado esse tal de "livre-arbítrio", não existiria o problema de concordarmos ou não com Ele. É graças ao livre-arbítrio que podemos também discordar d'Ele. Inclusive negar a sua existência. Livre-arbítrio... De se colocar que é necessário a todos nós, quanto nos declaramos filhos de Deus, e herdeiros da promessa, termos uma experiência real, pessoal, irrefutável acerca da existência do Deus que fala a Bíblia, e de sua presença e pessoalidade. Deus se importa conosco de um modo particular e pessoal. Se você nunca sentiu o seu poder e a sua presença, é bem provável que deixe a Igreja mais cedo ou mais tarde...
         Bom, agora a pergunta mais importante: quem somos nós para discordarmos de Deus? Quem somos nós para repreender ao nosso Deus, dizendo-Lhe que o que está a fazer é errado? Com que direito ou autoridade podemos nos virar para o nosso Deus, e exigir d'Ele alguma coisa?
         A Bíblia diz que o nosso Deus é soberano. A sua honra Ele não divide com ninguém, e nem cede a sua glória às imagens de escultura (Isaías 42:8). Para que alguém se chegue ao Senhor, e discuta com Ele, é necessário que esteja à sua altura, e tenha a mesma autoridade que Ele tem. Isto é, deve estar em pé de igualdade com o Senhor nosso Deus. E quem dentre nós está?
        Em Isaías 45:9 a Bíblia traz o seguinte texto:

"ai daquele que contende com o seu Criador! o caco entre outros cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes? ou dirá a tua obra: Não tens mãos?".  Isaías 45.9

         Alguns poderão até argumentar que o texto se aplica apenas ao Antigo Testamento, e que hoje somos "reis e sacerdotes". Argumento que não procede, pois o Apóstolo Paulo invoca esta soberania de Deus em sua Carta aos Cristãos de Roma, capítulo 9, versículos 20 e 21.
         Quem somos nós para discordarmos de Deus? Somos iguais a Ele, ou estamos em pé de igualdade para discutirmos alguma coisa com Deus?
         Jó em seu tormento se curva diante da soberania e poder de Deus indagando

"quem se endureceu contra ele, e ficou seguro?" (Jó 9:4).

         O nosso Deus é eterno, soberano, poderoso, onipotente e onisciente. Nada há que escape de seus olhos, e nem de suas mãos. Tudo quanto acontece é por expressa permissão de Deus, mesmo que não seja esta a sua Vontade (Jer.13:15-17).
         Nos capítulos 38 a 41 do Livro de Jó, o Senhor o indaga e perquire acerca da forma como Ele (o Senhor) age. E Jó é obrigado a reconhecer que falou de modo arrogante e pretensioso acerca do que não entendia e não conhecia. Coisas por demais maravilhosas para si (Jó 42:3).
         Quando não aceitamos o que acontece em nossa vida, estamos deliberada e conscientemente dizendo que Deus não está cuidando bem de nós. Estamos nos rebelando contra a soberania e a autoridade de Deus, ou, no mínimo, dizendo que Deus não tem controle sobre todas as coisas que existem; que há algo ou alguém maior do que Deus, e que pode se opor à sua Vontade e à sua determinação. Quem é maior do que nosso Deus, que possa se levantar contra a sua Vontade e à sua determinação?
         Na medida em que vamos crescendo espiritualmente, convivendo e familiarizando-nos com Deus, vamos percebendo a riqueza de sua glória, e o seu imenso amor para conosco. E vemos que os caminhos do Senhor são retos. E que todas as coisas contribuem para o bem daqueles que O amam, daqueles que são chamados segundo o seu decreto.

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