O Valor da Profecia
Desconhecimento Profético
Até algum tempo atrás, a melhor descrição da minha postura a respeito de
profecias seria a de uma atitude mista. Eu tinha interesse por aquelas
profecias diretas e fáceis de entender, mas muitas outras, para minha mente
desinformada, pareciam algo beirando o enigmático. Também havia o meu
preconceito contra os ensinamentos de alguns “ministérios proféticos” que
partem de uma plataforma bíblica mas quase sempre descambam em especulação.
Por um lado, eu estava ciente de que aproximadamente 30% da Bíblia são profecias preditivas, e que elas certamente foram incluídas nas Escrituras por razões válidas. Portanto, empenhei-me em descobrir quais eram essas razões.
Por um lado, eu estava ciente de que aproximadamente 30% da Bíblia são profecias preditivas, e que elas certamente foram incluídas nas Escrituras por razões válidas. Portanto, empenhei-me em descobrir quais eram essas razões.
O Significado da Profecia
Então, o que aprendi? Vamos começar com as coisas fundamentais. A Profecia tem
dois significados bíblicos. O termo se refere, em uma definição mais
abrangente, a tudo que Deus tem a dizer para Suas criaturas racionais. A
Bíblia, portanto, como revelação específica de Deus à humanidade, é um livro
completamente profético (2 Pe 1.19-21). Trata-se da proclamação de Deus acerca
das coisas que não poderíamos saber de outra maneira. A Profecia também inclui
a predição de Deus, ou seja, as revelações que nos permitem saber o que vai
acontecer. A habilidade de prever o futuro, como dissemos, diz respeito a quase
um terço das Escrituras, e é declarada por Deus como sendo a maior prova de que
somente Ele é Deus:
“...Eu sou Deus e não há
outro; Eu sou Deus e não há outro semelhante a mim, que desde o princípio
anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade as coisas que ainda não
sucederam...” (Is 46.9-10).
Quase todas as profecias preditivas falam sobre Israel e a vinda do Messias. De fato, Deus declara aos israelitas que eles seriam um sinal para o mundo, glorificando-se a Si mesmo neles e através deles (Is 46.13). Em Isaías 43.10 Deus lhes diz:
“Vós sois as minhas
testemunhas... o meu servo a quem escolhi; para que o saibais, e me creiais, e
entendais que sou eu mesmo, e que antes de mim deus nenhum se formou, e depois
de mim nenhum haverá.” Isaías 43.10
Em outras palavras, Deus usará aos judeus e à sua terra como “testemunhas”,
tanto para eles mesmos quanto para o mundo. Isso se dá não somente quanto à Sua
existência, como também mostrando que Ele está ativamente envolvido em
desenvolver a história de Israel e a cumprir Seu propósito para toda a
humanidade. A Profecia declara o plano de Deus de antemão. E o propósito é que
nós todos possamos “conhecê-lO”, crer nEle e “entender” que
somente Ele é Deus. A Profecia é a prova convincente não apenas da existência
de Deus, mas também de que a Bíblia é exatamente o que diz ser – a Palavra de
Deus.
Profecia, Promessa e
Obediência
Aqui está um exemplo do testemunho profético de Deus através de Israel: Ele
declarou a Abraão (Gn 12.1; 15.18), a Isaque (Gn 26.3), e posteriormente a Jacó
(Gn 28.13) que lhes daria a terra “desde o rio do Egito até ao grande rio
Eufrates” (Gn 15.18), e que essa Terra Prometida seria deles e dos seus descendentes
para sempre (Js 14.9). É um fato histórico, como registra o livro de Josué, que
os israelitas possuíram a terra que Deus lhes prometera. A promessa de Deus era
irrevogável, contudo, eles foram avisados por Deus de que, se não Lhe
obedecessem, Ele os tiraria da terra por algum tempo: os israelitas
desobedientes seriam “desarraigados da terra à qual passais para
possuí-la” (Dt 28.63). O povo foi desobediente e Deus fez o que dissera –
resultando no cativeiro do Reino do Norte (Israel) na Assíria e no cativeiro do
Reino do Sul (Judá) na Babilônia.
Jeremias profetizou que os cativos retornariam da Babilônia para Jerusalém “quando se cumprirem os setenta anos” (Jr 25.12). Mesmo assim, uma dispersão dos judeus ainda mais devastadora foi anunciada:
Jeremias profetizou que os cativos retornariam da Babilônia para Jerusalém “quando se cumprirem os setenta anos” (Jr 25.12). Mesmo assim, uma dispersão dos judeus ainda mais devastadora foi anunciada:
“O Senhor vos espalhará entre
todos os povos, de uma à outra extremidade da terra...” (Dt 28.64).
Esta, a última e maior Diáspora (Dispersão), ocorreu quando os exércitos
romanos sob o comando de Tito arrasaram Jerusalém no ano 70 d.C. Os judeus
foram realmente dispersos por todo o mundo, como a Bíblia predisse, e a Palavra
de Deus também nos fornece detalhes de como eles seriam tratados:
“...fá-los-ei um espetáculo
horrendo para todos os reinos da terra; e os porei por objeto de espanto, e de
assobio, e de opróbrio entre todas as nações para onde os tiver arrojado” (Jr
29.18).
Hoje isso é conhecido como anti-semitismo, no entanto, foi profetizado por
Moisés (Dt 28.37) há 3.500 anos atrás!
O Cumprimento das Profecias
Poderia parecer que essa dispersão, juntamente com as perseguições e as
tentativas de aniquilação da raça judaica que a acompanharam, teria colocado
Deus numa situação insustentável. Afinal de contas, Ele prometeu
incondicionalmente a Abraão que a Terra Prometida “...que vês, Eu ta darei
a ti e à tua descendência, para sempre” (Gn 13.15). O Senhor declarou
também que apesar de Israel não ficar sem punição, Ele não daria cabo dele
completamente, mas ...
“te livrarei das terras de
longe e à tua descendência das terras do exílio; Jacó [Israel] voltará...” (Jr
30.10-11).
O fato de que uma minoria perseguida e dispersa possa ter vivido por dois mil anos entre outras raças sem ter sido absorvida por elas (especialmente quando, se o aceitasse, teria evitado uma perseguição sem fim) e permanecido um grupo étnico identificável, é inconcebível – certamente isso não foi por acaso e é algo sem precedente na história do mundo. Adicione-se a isso o fato assombroso de que eles seriam posteriormente ajuntados do mundo todo e trazidos de volta para a terra que Deus lhes havia prometido há mais de três mil anos atrás. Contudo, como o mundo sabe, isso aconteceu“oficialmente” em 1948, quando Israel foi reconhecido como nação independente.
O Retorno de Israel à Terra
Prometida
Com relação a essa restauração profetizada, a Bíblia fornece numerosos detalhes
do que aconteceria quando os judeus retornassem à sua terra. Por exemplo, o
livro de Isaías afirma:
“Dias virão em que Jacó
lançará raízes, florescerá e brotará Israel, e encherão de fruto o mundo” (Is
27.6).
Oséias acrescenta que os israelitas retornarão:
“...voltarão; serão
vivificados como o cereal, e florescerão como a vide; a sua fama será como a do
vinho do Líbano” (Os 14.7).
No final do século XIX, o escritor norte-americano Mark Twain, visitando a
Terra Santa, notou que ela estava quase que totalmente deserta. No entanto,
desde o retorno dos judeus a agricultura tem sido um dos maiores
empreendimentos econômicos de Israel. Esse país tão pequeno é agora o maior
exportador de frutas e vegetais para a Europa e até manda flores para a
Holanda!
Os profetas hebreus também previram que Israel teria uma capacidade militar
impressionante:
“Naquele dia, porei os chefes
de Judá como um braseiro ardente debaixo da lenha e como uma tocha entre a
palha; eles devorarão à direita e à esquerda, a todos os povos em redor...
Naquele dia o Senhor protegerá os habitantes de Jerusalém; e o mais fraco
dentre eles, naquele dia, será como Davi, e a casa de Davi será como Deus, como
o Anjo do Senhor diante deles” (Zc 12.6,8).
Até uma análise superficial das três guerras nas quais Israel lutou para se
defender da ameaça de destruição por parte dos países árabes, mostrará
evidências esmagadoras de que elas são o cumprimento das palavras dadas por
Deus a Zacarias. Na guerra de 1948-49, que se seguiu à Independência, Israel
foi vitorioso apesar de ter um contingente de soldados e armas desesperadamente
menor. A assombrosa vitória de Israel, portanto, foi nada menos do que um
milagre. A Guerra dos Seis Dias, em 1967, foi ganha tão rápida e decisivamente por
Israel, contra todas as probabilidades, que a revista “Newsweek” publicou
a respeito um artigo intitulado“Espada Veloz e Terrível”. A Guerra do Yom
Kippur encontrou Israel novamente com um número muito inferior de soldados, e,
dessa vez, pelo fato do ataque ter ocorrido num feriado religioso, o povo foi
pego de surpresa. No entanto, apesar de terem sofrido muitas baixas, esses
beneficiários das promessas de Deus puseram as forças árabes para correr.
Uma Pedra Pesada Para Todos
os Povos
Um último item profético com respeito a Israel e Jerusalém (entre muitos que
poderiam ser mencionados) tem relação com sua posição no mundo de hoje. Cerca
de 480 a.C., Zacarias escreveu que Jerusalém se tornaria
“...um cálice de tontear...
uma pedra pesada para todos os povos...” (Zc 12.2-3).
Essa profecia foi particularmente assombrosa porque, no tempo em que foi feita,
a situação de Jerusalém era tal que, na melhor das hipóteses, a faria parecer
ridícula. Uma parte dos israelitas tinha recentemente retornado do cativeiro na
Babilônia, para uma Jerusalém que tinha estado em desolação por 70 anos. Seus
muros estavam destruídos, seus campos não tinham sido lavrados, e o povo
remanescente enfrentava problemas até na reconstrução do Templo, porque não conseguia
se livrar do assédio contínuo dos samaritanos da região. Contudo,
aproximadamente 2.500 anos mais tarde, Jerusalém realmente tem se tornado “um
cálice de tontear” para este mundo aflito, “uma pedra pesada” que, a
menos que os problemas ali sejam resolvidos, poderá levar a uma guerra nuclear
sobre todo o planeta.
A Profecia e a Salvação
Deus é o Deus da Profecia. Ele é também o Deus da nossa salvação; e a Profecia sublinha e aponta para
a salvação. Israel foi escolhido por Deus para o propósito primário de trazer o
Messias ao mundo: ...“para que o mundo fosse salvo por Ele” (Jo 3.17).
Quando o apóstolo Paulo fez as suas viagens missionárias, seu método em cada
cidade que visitava era inicialmente entrar na sinagoga judaica e pregar que
Jesus era o Messias que Deus havia prometido. Na sinagoga da cidade grega de
Beréia, os judeus foram elogiados não somente por ouvirem o que o apóstolo
tinha a dizer, mas mais especificamente porque examinavam
“...as Escrituras todos os
dias [para discernir] se as coisas [que ele dizia concernentes ao Messias]
eram, de fato, assim” (Atos 17.11).
Apesar de não termos os detalhes do que ele pregava, sabemos que há centenas de
profecias messiânicas às quais ele poderia ter-se referido.
As Profecias Concernentes ao
Messias
Sem dúvida, Paulo enumerou para eles os critérios proféticos necessários para
que aspirantes à messianidade se qualificassem como o Cristo de Deus, o
Salvador de toda a humanidade: Ele deve ter nascido em Belém (Mq 5.2); ser da
tribo de Judá (Gn 49.10); ser da linhagem do rei Davi (Is 11.1); ter nascido de
uma virgem (Is 7.14); realizar milagres (Is 35.4-6); morrer pelos pecados do
mundo (Is 53.5,6,10); permanecer três dias e três noites na sepultura (Jo
1.17); ressuscitar dentre os mortos (Sl 6.10).
Somente Jesus Preenche Todos
Esses Requisitos
Para os bereanos do primeiro século, desejosos de mais informações sobre a
morte sacrificial do Messias, Paulo poderia ter fornecido tantos detalhes
descritivos tirados das profecias do Antigo
Testamento (escritas de 1500 a 400 anos antes do acontecido), que eles teriam
se sentido como se fossem testemunhas oculares dos fatos. Considere o seguinte:
Daniel nos dá a data exata em que o Messias entraria em Jerusalém para ser
proclamado Rei de Israel (Dn 9.25). Zacarias nos conta que Ele viria montado
num jumento (Zc 9.9) e que seria traído por trinta moedas de prata (Zc 11.12);
o traidor seria um amigo (Sl 41.9). Isaías prediz que Ele ficaria silencioso
perante Seus acusadores e seria afligido e cuspido por eles (Is 53.7; 50.6).
Moisés indicou que Ele seria crucificado (Dt 21.22-23). O salmista nos fala que
a multidão presente à Sua crucificação iria escarnecer e zombar dEle, sacudindo
suas cabeças à Sua vista (Sl 22:7-8; 109.25); que Seus amigos olhariam de longe
(Sl 38.11); que soldados lançariam a sorte pelas roupas dEle (Sl 22.16-18); que
para matar Sua sede Lhe ofereceriam vinagre (Sl 69.21); Suas mãos e pés seriam
traspassados (Sl 22.16); nenhum de Seus ossos seria quebrado (Sl 34.20); as
palavras exatas que Ele diria ao Pai são registradas (Sl 22.1; 31.5). Zacarias
escreve que o Seu lado seria furado (Zc 12.10). Isaías declara que Ele morreria
entre ladrões (Is 53.9,12) e que seria sepultado na sepultura de um homem rico
(Is 53.9). Além disso, Isaías nos dá as razões pelas quais o Filho de Deus foi
para a cruz: Ele foi “...ferido pelas nossas iniqüidades”; “...o
Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós”; “quando der ele a
sua alma como oferta pelo pecado...” (Is 53.5,6,10). Repetindo: só Jesus
tem as credenciais para ser o nosso Salvador.
O que dizer, então, de todas as profecias ainda a serem cumpridas? Como aquilo que estava predito com relação à primeira vinda de Jesus foi perfeitamente cumprido, podemos estar absolutamente confiantes de que Deus também fará acontecer tudo o que predisse para o futuro.
O que dizer, então, de todas as profecias ainda a serem cumpridas? Como aquilo que estava predito com relação à primeira vinda de Jesus foi perfeitamente cumprido, podemos estar absolutamente confiantes de que Deus também fará acontecer tudo o que predisse para o futuro.
A Importância das Profecias
Bíblicas
Portanto, que utilidade há na Profecia? Emprestando uma frase da Epístola aos
Romanos:“Muita, sob todos os aspectos” (Rm 3.2). O Senhor declara:
“Quem há, como eu, feito
predições... Que o declare e o exponha perante mim! Que esse anuncie as coisas
futuras, as coisas que hão de vir! Não vos assombreis nem temais; acaso desde
aquele tempo não vo-lo fiz ouvir, não vo-lo anunciei? Vós sois as minhas
testemunhas...” (Is 44-7-8).
A Profecia Bíblica nos assegura que Deus existe e que somente Ele sabe as “coisas
que estão por vir”, e que nós, que cremos nEle, não temos razão para andar
temerosos. Mais do que isso, nós devemos ser as “testemunhas” de
Deus, usando a profecia bíblica como testemunho da verdade revelada nas
Escrituras e prova de que exclusivamente a fé em Jesus, Seu Filho Unigênito, é
a esperança da humanidade para a salvação. Vamos, portanto, compartilhar as
Boas Novas com entusiasmo:
“...o Evangelho de Deus, o
qual foi por Deus, outrora, prometido por intermédio dos seus profetas nas
Escrituras Sagradas, com respeito a Seu Filho” (Rm 1.1-3)!
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