Jogos de azar – o que dizer?
O jornal O Estado de São Paulo, em sua edição de 6 de outubro de 1999, noticiou
a respeito da aglomeração de pessoas nas lojas lotéricas em decorrência da
ansiedade dos brasileiros em ganhar na Mega Sana. Na ocasião, a matéria
afirmava que: Apesar da fama do brasileiro deixar tudo para a ultima hora, o
prêmio acumulado de R$ 60 milhões da Mega Sena esta fazendo com que algumas
pessoas se convertam à organização e antecipem as apostas. Alem da ansiedade
por escolher logo as dezenas que podem garantir uma boa vida, muita gente tem
medo de voltar a enfrentar as filas que caracterizam as semanas anteriores,
principalmente nas horas que antecederam os sorteios.
Os que arriscam a sorte
A palavra sorte não significa apenas bom resultado, mas também anseio pela
ajuda de divindades que possam oferecer a vitória tão desejada. Os termos
jogatina e aposta são, às vezes, usados com respeito às atividades que envolvem
risco ou esperança de lucro. Geralmente, se definem como a maneira de arriscar,
voluntariamente, uma grande soma de dinheiro por meio de aposta, parada ou
lance em um jogo ou em qualquer outro tipo de atividade que envolva sorte.
Um ditado popular muito usado por pessoas dadas aos jogos de azar é: quem não arrisca, não petisca. Com isso, justificam suas fezinhas em varias modalidades de jogos, como por exemplo, o popular jogo do bicho, o bingo a Tele Sena e a loteria esportiva. Ultimamente, a sorte está sendo lançada, com mais freqüência, na mega sena. Quando é anunciado pelos meios e comunicação que a sena está acumulada por alta de ganhadores, os brasileiros formam filas intermináveis nas casas lotéricas a fim de tentar a sorte e ganhar a bolada. Nessa tentativa, as pessoas gastam o que podem e o que não podem. Muitos começaram a jogar na Sena nessas ocasiões de importâncias acumuladas e hoje o jogo já se tornou um vicio. Aquilo que começou como uma brincadeira já se tornou parte na vida da pessoa que não consegue passar uma semana sem fazer sua aposta. A sena oferece a oportunidade de enriquecer rapidamente, e muitos sonham com o que fariam com o dinheiro caso botasse a mão na bolada que o jogo oferece. Dizem de si para si: Alguém tem de ganhar e esse alguém pode ser eu. Já imaginou o que eu faria com os milhões de Reais na mão?
Os fins justificam os meios?
Certos lideres políticos justificam os jogos de azar com a alegação de que
muitas obras sociais são realizadas com o dinheiro arrecadado dos jogos.
Entretanto, deve-se notar que os governos, ao promoverem as loterias, apelam
para uma das qualidades humanas mais baixas: a ganância. Na verdade, estão
contribuindo para a corrupção, e não para a melhora da vida humana. Não se pode
ignorar que a maioria dos apostadores é composta por pessoas pobres, que, na
ânsia de ganhar, arriscam o leite e o pão de seus filhos. Com isso, prejudicam
os que lhes são caros. Alem disso, a ganância que envolve a jogatina é uma das
causas primaria de grande parte dos crimes e da violência que estão associados
com serias operações.
O que diz a Bíblia?
Embora reconheçamos que a Bíblia não dá nenhuma base para qualquer regra rígida
contra cada tipo de aposta, ela nos ajuda a ver que a jogatina é um serio mal
que resulta no asfaltamento do homem de Deus. Vejamos os ensinos que extraímos
das Escrituras sobre os jogos de azar:
A bíblia não trata claramente a
respeito desse assunto. O único caso que pode ser classificado como jogatina
ocorreu quando os soldados romanos lançaram sortes para decidir quem ficaria
com a túnica de Jesus. Depôs de o crucificarem, repartiram entre si as suas
vestes, tirando a sorte(Mt 27.35).
Alguns interpretes da Bíblia apontam
Is 65.11-12 como prova de que ela condena especificamente os jogos de azar.
Deve-se ter presente, entretanto, que o texto refere-se à deusa Fortuna, a quem
os apostadores caldeus recorriam em busca de ajuda. Quando qualquer israelita
buscasse a ajuda dessa deusa, estava, na verdade, praticando um ato abominável
diante de Deus ao preparar um banquete para o citado ídolo. Deram culto a seus
ídolos, os quais se lhes converteram em laço, pois imolaram seus filhos e sua
filhas aos demônios (Sl 106.36-37).
A jogatina, amiúde, induz a preguiça.
Incentiva as pessoas a conseguirem algo sem troca de nada, alem de levá-las a
mentir e/ou a defraudar, a fim de obterem o que desejam sem trabalhar. A Bíblia
incentiva o homem a ganhar o seu próprio pão com o suor do seu rosto. É
justamente isso que Deus ordena em Gênesis 3.19: No suor do teu rosto
comeras o teu pão... Paulo recomendou: Se alguém não quiser trabalhar, não coma
também. Porquanto ouvimos que alguns entre vos andam desordenadamente, não
trabalhando, antes fazendo coisas vãs (2 Ts 3.10-11). Contestando essa
atitude, Salomão aconselhou: Viste um homem diligente na sua obra? Perante reis
será posto; não será posto perante os de baixa sorte (Pv 22.29).
Encontramos na Bíblia advertências
contra o amor ao dinheiro. Ainda o sábio Salomão aconselhando a respeito desse
apego inútil, afirmou: O que amar o dinheiro nunca se fartara de dinheiro; e
que amar a abundancia nunca se fartara da renda: também isso é vaidade. Doce é
o sono do trabalhador, quer coma pouco quer muito; mas a fartura do rico não o
deixa dormir (Ec 5.10-12). E o apostolo Paulo, por sua vez, declara em 1Tm
6.10: Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa
cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas
dores.
Causa do tropeço
Sendo Deus o Criador do mundo e de todo o ser criado como afirma a Bíblia:
Os céus proclamam a gloria de Deus, e
o firmamento anuncia as obras das suas mãos (Sl 19.1)
devem os cristãos admitir sua condição de apenas administradores dos bens mais
importantes que os Senhor lhes concedeu: vida e saúde para conseguir, por meios
lícitos (ou seja, o trabalho honesto), os bens materiais de que tanto precisam.
São responsáveis diante de Deus pelo uso do dinheiro e devem constantemente
lembrar-se da admoestação que o próprio Deus nos faz:
Por que gastais o dinheiro naquilo
que não é pão, e o vosso suor naquilo que não pode satisfazer? (Is 55.2).
Os cristãos devem ter isso em mente sempre que forem tentados a fazer uma fezinha nos jogos de azar. Os maus frutos da jogatina são tão notórios que, em muitos lugares, os praticantes do jogo do bicho são tidos como maus elementos e encarados com desdém.
Não é a toa que o cristão deve evitar o vicio dos jogos de azar:
Não vos torneis causa de tropeço nem
para judeus, nem para gentios, nem tampouco par a igreja de Deus (1Co 10.32).
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