É provável que muitos daqueles que
participaram da festa de casamento em Caná estivessem três anos depois no
julgamento de Jesus entre os que gritavam “Crucifica-o! Crucifica-o!”. Muitos
foram alimentados, curados e libertados por ele, mas nem todos realmente se
converteram ao Salvador. O livro de Hebreus fala algo sobre isso.
Lá diz que é impossível que aqueles que
uma vez foram iluminados, provaram a dádiva do céu, desfrutaram dos benefícios
do Espírito Santo, experimentaram a boa Palavra de Deus e o poder de uma era
ainda futura e, mesmo assim, voltaram atrás, sejam reconduzidos ao
arrependimento. Em Hebreus não diz que tenham crido, mas tão somente que
desfrutaram dos privilégios da presença de Jesus como meros aproveitadores.
É o caso dos judeus daquela época.
Tiveram o privilégio de ver e experimentar tudo isso, e mesmo assim se
recusaram a crer no Messias que estava bem ali no meio deles. Na continuação do
capítulo Jesus vai ao Templo em Jerusalém e encontra a casa de Deus transformada
em um mercado. Não é de hoje que a religião atrai aproveitadores. As condições
daquele povo e de sua religião não eram muito diferentes das que você encontra
hoje na cristandade. Como diz o ditado, “por fora bela viola, por dentro pão
bolorento”.
Mas eu quero chamar sua atenção para o
final do capítulo 2 de João. Ali diz que Jesus fez muitos milagres em
Jerusalém, e muitos daqueles que viram esses sinais creram no seu nome. E o
capítulo termina assim: “Mas o próprio Jesus não acreditava neles, pois
conhecia a todos, e não precisava de que alguém lhe desse testemunho a respeito
do homem, pois ele bem sabia o que havia no homem”.
E o que há no homem? O desejo de se
aproveitar de Deus e manipulá-lo ao seu bel prazer. Se você está atrás de Jesus
por interesse em algum benefício para sua saúde, finanças ou vida sentimental,
ainda não entendeu quem ele é e o que veio fazer aqui. Ele veio morrer em seu
lugar para que você tenha todos os seus pecados perdoados; veio resgatar você
do pecado, da morte e de Satanás. Veio para transformá-lo em um adorador que
adore a Deus em espírito e em verdade por toda a eternidade, pois era essa a
intenção inicial de Deus para os seres humanos. A coisa toda é para Deus, não
para mim ou para você, ainda que sejamos abençoados em tudo isso.
Ir a Jesus para resolver algum problema
pessoal não é muito diferente do que fazem os pagãos com seus talismãs, ídolos
e gurus. A verdadeira fé não busca as dádivas de Deus, mas o Deus das dádivas.
A verdadeira fé enxerga em Jesus, não uma cornucópia inesgotável de saúde,
riqueza e felicidade, mas o vê como o Cordeiro de Deus, aquele em quem todas as
coisas irão convergir no final. Isso não está muito claro para você?
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