Irmãos ou inimigos? Pastores
se digladiam e apresentam discursos contraditórios aos textos bíblicos.
Desde a Reforma Protestante,
em 1517, o cristianismo passou a ser dividido entre católicos e protestantes,
enquanto o primeiro grupo continua sendo liderado pelo Vaticano o segundo está
a cada dia mais subdividido provocando guerras teológicas entre os evangélicos.
O fato gera muita discussão:
por que há tanta divisão nas igrejas evangélicas? Os problemas seriam
doutrinários, teológicos ou simplesmente por discussões entre líderes e
liderados?
Cada caso é um caso, e não é
possível numerar todas as divisões que os protestantes enfrentaram desde época
de Martinho Lutero. Mas nos dias de hoje isso é tão comum que os membros não
sabem o que fazer e no meio dessas “guerras” acabam se ferindo e deixando de
frequentar alguma denominação.
Ou pior, são levados a desacreditar
em certo ministério por orientação de líderes que se sentem intimados com a
criação de novas igrejas. Recentemente o bispo Edir Macedo chegou a divulgar diversos vídeos onde
pessoas supostamente endemoniadas faziam críticas severas ao apóstolo Valdemiro Santiago, que saiu da Igreja Universal e fundou a Igreja Mundial do Poder de Deus, e também aos
seus pastores.
Para o pastor Paulo Siqueira
essas divisões são desastrosas. “O avanço dessas divisões foi rápido e também
desastroso, pois no meio neopentecostal nasceu à teologia da prosperidade, influenciada
diretamente pelo consumismo e materialismo americano, teologia que cresce de
forma desordenada, sem fundamentação consistente”, diz.
Mas para o pastor da Igreja
Quadrangular a teologia da prosperidade é apenas um dos vários problemas
gerados pela divisão das igrejas protestantes. Pois os valores da Reforma foram
esquecidos e o imediatismo passou a nortear a fé das pessoas. “A
espiritualidade dá lugar a uma materialidade só compreendida como consumo, pois
Deus tem que ser materializado através das conquistas materiais”, revela.
Discursos distintos em uma
mesma religião
Muitas dessas denominações
acabam se afastando da Palavra de Deus e disseminam discursos totalmente
contraditórios ao texto bíblico. Fato explicado pela hermenêutica, ou
interpretação dos textos sagrados, conforme ensina o teólogo Dorival Guimarães.
“Há duas formas básicas de
ler a bíblia: Da forma histórico-gramatical e da forma simbólica”, diz o
professor do Seminário Teológico Batista Nacional explicando que na primeira
“ler o texto bíblico como ele significou para o autor do mesmo, em sua época e
contexto onde a autoridade da mensagem bíblica passa a ser do autor, o
porta-voz de Deus”.
Já na forma simbólica o
pregador decodifica “a mensagem escondida por Deus nos textos, onde a
autoridade da mensagem bíblica passa a ser do intérprete”. E é aí que mora o
perigo. “De uma forma geral essas igrejas são propagadoras de uma mensagem
especial e de particular interpretação dada ao seu criador, onde a palavra do
pastor tem mais autoridade que os escrito bíblico”, diz.
Em um dos vídeos divulgados
pela IURD uma das pessoas entrevistadas, possuída por espíritos malignos, diz
que os responsáveis pelas curas na igreja de Valdemiro Santiago são os demônios
e o líder ainda dá ênfase a essa questão dizendo para as pessoas não
acreditarem em igrejas que só pregam cura. Mas afinal, o Deus da Igreja
Universal não é o mesmo Deus que é pregado na Igreja Mundial?
“Cada um criou sua Bíblia
defendendo suas verdades. Para isso, anulam a história e a tradição da igreja,
para que seus nomes se projetem acima de tudo”, opina o pastor Siqueira que
lidera o movimento “Voltemos ao evangelho puro e simples”.
Em um dos vídeos publicados
no blog do bispo Edir Macedo as críticas foram severas a Valdemiro, mas
procurada sua assessoria não respondeu os insultos dos vídeos anteriores e em
seu Twitter o fundador da Mundial apenas retuitou a mensagem que diz “Por favor
não percam tempo ouvindo o que demônios dizem, ouça o que Deus tem a dizer, eu
faço isso e sei que Deus está na @impd_oficial”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário